sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Tunnel of Love
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Night Train
A noite estava escura e o frio anunciava um Inverno antecipado. Estava sentado num banco á espera do próximo comboio. Decidira não embarcar no anterior devido á sua sobrelotação. Observava a azáfama dos gigantes de metal na gare, uns engolindo vorazmente centenas de trabalhadores e estudantes e outros regurgitando amarrotados despojos humanos.
Chegou o meu comboio que se encheu de imediato. Hesitei durante uns segundos, tentando decidir se entrava ou aguardava pelo seguinte. Com um pasmo indescritível observei as pessoas que continuavam a entrar nas carruagens. Chegar tarde a casa não era opção. Corri e saltei para o interior da carruagem, forçando o caminho com o ombro. Fiquei junto ao varão vertical na área das portas, sempre serviria de algum apoio. Estava completamente espremido entre aquelas pessoas e mais continuavam a entrar. Finalmente as portas fecharam e a composição arrancou suavemente sem dar conta da excessiva carga. Não me podia mexer, os meus pés mal tocavam no chão, estava suspenso entre todos aqueles corpos.
Não tínhamos chegado à estação seguinte quando me apercebi que estava completamente esmagado contra as costas de uma rapariga. Estava perfeitamente encaixado nela. Num ápice senti a carne entumecer e alojar-se entre as suas nádegas suaves. A rapariga debateu-se ferozmente com os corpos á sua volta e conseguir virar-se de frente para mim. Os seus olhos procuraram os meus e o seu rosto enrubesceu. A situação piorara. Conseguira apenas que ficasse comprimido contra a sua púbis e o peito generoso contra o meu.
Ainda bem que os olhares não matam. Porque se assim fosse, teria virado carne picada num instante. Apesar da sua situação burlesca, fixou os seus olhos com ferocidade nos meus e não cedeu durante toda a viagem. Não me atrevi a mexer nem mesmo a desviar o olhar.
domingo, 12 de outubro de 2008
Choque Frontal
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Não gosto de ti
Dirigi-me ao balcão para pedir bebidas. Reparei que a Ivone estava a fazer o seu pedido. Coloquei-me a seu lado e cumprimentei-a.
- Conheço-te! – Disse olhando-me de soslaio e com algum desdém. Não sabendo o que dizer, peguei nas bebidas e afastei-me do balcão. Entreguei as bebidas aos rapazes e conversamos animadamente, comentando e apreciando os músicos que se sucediam no pequeno palco. Era dia de “Jam Sessions”.
Logo que tivemos oportunidade subimos ao palco e tocamos “While my guitar gently wheeps” e “Little wing”. Quando descemos do palco Ivone estava sentada na nossa mesa.
- Roque, desculpa a partida de há pouco! – Disse mostrando um sorriso inocente.
- Desculpas de quê? – Repliquei.
- Gostava de vos pedir um favor. – O sorriso inocente reapareceu no seu rosto – Prometi a um amigo que lhe arranjava uma banda para a festa do grupo dele, mas até agora não consegui nada. Ouvi dizer que vocês estão a formar uma banda.
- Ainda estamos no começo. – Disse Orlando com orgulho – Ainda temos muitos ensaios pela frente.
- Estão progredir muito bem. – Retorquiu – A avaliar pelo que acabo de ouvir.
- Para quando é o concerto? – Inquiriu Américo.
- É no próximo sábado. Estão livres para esse dia?
Assim que acertamos os pormenores Ivone dirigiu-se para a esplanada. Segui-a. Não podia deixar passar mais um dia sem falar com ela. Amava aquela rapariga há tanto tempo que cada dia que passa sem lhe dizer nada se tornava simplesmente insuportável. Meti conversa e dirigi a temática para o tópico que me interessava. Depois de uma longa e eloquente declaração dos meus sentimentos ela disse: - Achas que algum dia iria reparar em ti! Após tanta dedicação, inúmeras insinuações e demonstrações de carinho, ouvir as suas longas sessões de desabafos, foi como se me tivesse dado um murro no estômago. Poderia ter dito: “Não gosto de ti!”.
Quando contei aos rapazes, riram-se e disseram que era mais um knock-out completo: murro no estômago seguido de uma joelhada nos queixos.
- Não me admira nada! – Comentou o Orlando – Sempre que ficava mais animada depois confessionário contigo corria para os braços do Fonseca. O idiota ofereceu-lhe flores e ela ficou logo caidinha.