sábado, 27 de setembro de 2008

Paradise City

Após o jantar dirigi-me ao bar. Caminhei devagar pela rua aspirando o ar fresco do Outono. Apetecia-me tomar uma cerveja calmamente e esquecer tudo o resto. Sentei-me a um dos extremos do balcão e pedi uma cerveja. Era cedo e o bar ainda estava quase vazio. Entrou uma rapariga, loura, linda, sabia que ela era modelo. Encostou-se ao balcão, a curta distância de mim e iniciou uma conversa com a bar tender. Não lhes prestei atenção, dedicando-me a saborear a cerveja alemã. No entanto os teores dos temas de conversa libertaram-me da ataraxia.
- … o meu sobrinho de 5 anos – dizia a bar tender – quando me vê, anda sempre a tentar espreitar-me as mamas. Diz que são muito boas.
- Pudera! – Retorquiu a modelo – Andas sempre com elas à mostra nesse decote!
- É demais! Está sempre a tentar apalpar-me!
- O meu sobrinho nem me dá tempo! Apalpa-me logo! Diz ele: Tens umas maminhas tão fofas…
- As minhas são boas. – Disse a bar tender dirigindo-se a mim – Mas as dela são melhores. Não são? Eu já as vi. Às vezes passo os fins-de-semana com ela e, como muitas andamos nuas pela casa, já as vis montes de vezes e posso dizer que são mesmo muito boas.
- As dela são melhores! – Contrapôs a modelo.
- Diz-nos quais achas melhores? As minhas ou as delas? – Inclinaram-se as duas na minha direcção. A bar tender debruçou-se sobre o balcão deixando as mamas quase saírem pelo decote. A modelo firmou a camisola com ambas as mãos por baixo dos peitos fazendo-os realçar.
Olhei bem para ambas. Sorvi mais um gole de cerveja.
- Sem as ver é difícil de afirmar quais são as melhores. – Afirmei sem tomar qualquer partido.
- Dizes isso por que nos queres ver nuas. – Disse a modelo rindo-se - Não iremos convidar-te para um fim-de-semana lá em casa…
- Está uma rapariga do outro lado do balcão a olhar para ti. Conheces? – Perguntou-me a bar tender. – A maneira como olha… Está apaixonada por ti…
Era a Sara. Despedi-me dirigi-me ao outro extremo do balcão pensando: “Será? Mas, o seu olhar demonstra realmente uma paixão imensa…”. Sentei-me a seu lado. Ela sorriu e beijou-me a face com ternura, mas nada disse. Não falamos. Nada havia para dizer. Simplesmente sabíamos…

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Primeiro dia de trabalho

Acordei ensonado. Deixei-me adormecer de novo, para ser acordado pela intensa chuva. Metei-me no carro e segui na cauda do trânsito que se deslocava de forma pachorrenta. Os pneus dos automóveis à minha frente afastavam a água que inundava o piso de asfalto, mais parecendo lanchas dos pântanos que veículos de estrada.
Estou atrasado!
Tentava ultrapassar alguns carros, para logo ter que regressar ao meu lugar. Fiz outras tentativas que acabavam sempre goradas. Os limpa-vidros giravam ruidosamente e com insistência, tentando afastar a água. Resolvi ligar o rádio mais só apanhei estática. Raios! Vou chegar bastante tarde! Espreitei rapidamente a outra faixa da estrada e vi uma pequena janela de oportunidade. É agora! Tenho que ultrapassar! Acelerei e num gesto rápido comecei a ultrapassar o automóvel que seguia á minha frente. Só então me apercebi que estava quase em cima de uma curva. Sobre esta havia uma ponte firma na zona térrea que separava as duas faixas de rodagem. O carro embateu no betão e subiu a rampa, embateu com força nos pilares e caiu sobre a capota. Abri os olhos e saí. Não tinha nada, não havia sangue. Quando os agentes chegaram as minhas pernas fraquejaram e perdi os sentidos.

sábado, 20 de setembro de 2008

O Eterno Verão

Decidimos aproveitar o último dia de praia.
Passeámos pela cidade. O Américo e eu escolhemos alguns postais numa banca. O Orlando retirou um grande molho de postais, todos com o mesmo motivo. Pensei numas frases simples e engraçadas paras remeter para algumas amigas e amigos como recordação das férias. O Américo procedeu de igual forma. O Orlando rabiscava nos guardanapos, escrevia, amassava e voltava a escrever. Olhámos atónitos quando começou a copiar criteriosamente a mesma frase para todos os postais, remetendo-os no mínimo para duas dezenas de raparigas.
A meio da tarde fomos para uma esplanada em frente ao mar. Pedi uma cola com limão e O Américo e o Orlando optaram por uma caipirinha. O empregado inquiriu se pretendiam simples ou “preparada”. Ficaram com olhares esgazeados quando o empregado trouxe as capirinhas preparadas. Ri-me da expressão das caras deles ao ver os copos de tamanho jumbo e mais ainda quando sentiram o forte gosto da cachaça brasileira. Com sacrifício beberam o equivalente a meia dúzia de caipirinhas, no mínimo.
Caminhamos pela marginal e os rapazes trocando os passos decidiram dar um último passeio junto ao mar. Sentei-me no muro a ver o mar ao longe. O Orlando e o Américo batiam num tapa-vento e acabaram por derrubá-lo. Pontapeavam areia para cima dos banhistas e proferiam uma lengalenga que não conseguia perceber dali. Sentaram-se e começaram a falar com as alemãs que havíamos conhecido dias antes. Os companheiros das raparigas olhavam furiosos, sacudindo a areia. Eram uns motoqueiros enormes e de aspecto feroz, mas acabaram por pegar nos seus pertences irem embora nas suas potentes motos desportivas, deixando as miúdas para trás.
A Sara apareceu e, sentou-se a meu lado. Presenteou-me com um doce beijo na face e pediu-me para ir com ela para a praia. Caminhamos de braço na areia molhada, com o as suaves ondas a banharem-nos gentilmente os pés. Sentámo-nos numa pequena duna a ver o por do sol. O céu avermelhado e uma longa estrada prateada e cintilante que se estendia até ao horizonte.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Repórter X em acção

Saímos para a praia. Num dos caminhos de acesso á praia havia um acidente. Um automobilista ao estacionar o carro embateu no tractor de um pescador se dirigia à praia para puxar as redes e os barcos. Tirámos várias fotos do acidente, com diferentes enquadramentos e planos de pormenor. Na ambulância o pescador gemia. Nos seus queixumes dizia que estava mal e que iria morrer.
- O que vai ser dos meus filhos! – Choramingava – A minha esposa…

Furamos por entre multidão que circundava a ambulância dizendo que éramos jornalistas. Dissemos ao pescador que éramos do jornal e se podíamos tirar fotos. Apoiou-se rapidamente sobre os cotovelos e fez um largo sorriso para a foto.

Na praia fizemos uma foto reportagem da actividade dos pescadores. A puxarem as redes, do pescado, dos barcos e tractores, das mulheres e das crianças que ajudavam na faina.

domingo, 14 de setembro de 2008

Vólei na praia

De bonés na cabeça, óculos escuros e bola de voleibol colorida debaixo do braço, dirigimo-nos à praia. Pelo caminho fomos interpelados por um idoso que nos perguntou:
- Are you Americans?
- Sorry?! – Perguntei com surpresa.
- Are you American basketball players?
Respondi que éramos apenas portugueses em férias.
- Pensei que fossem americanos! - Disse num português perfeito – Com esses bonés e a bola…Contou-nos que havia emigrado para os EUA há cerca de 50 anos, com apenas 15 anos de idade e que vinha pela primeira vez a Portugal, para conhecer a terra que o viu nascer. Fiquei espantado com sua forma de falar, o seu português era melhor que o da maioria de nós.

Na praia acercámo-nos de um grupo de raparigas e perguntamos se queriam jogar vólei connosco. Formámos um círculo e fizemos uma sessão de passes, machetes e muitos saltos acrobáticos. Decidimos propor um jogo, que talvez elas achassem ou pouco estranho mas que seria mais divertido. O jogo passou de vólei para bruto-bol; quem estivesse na posse da bola seria alvo de ataques do jogador mais próximo. Sempre que uma das raparigas estava na posse da bola passávamos ao ataque, mergulhando sobre ela. Rapidamente perceberam as regras e também passaram a atacar. Rebolávamos na areia, fazíamos cócegas, entre gritinhos e risos.

Jogávamos sem malícia, mas era óptimo sentir cada centímetro daqueles corpos jovens e deliciosos esmagados e apertados contra os nossos…

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Foto Show

O intenso sol intenso feria-nos a vista. Tiramos algumas fotos na marginal, nos bancos de rua e no muro que separa o passeio do areal. Decidimos fazer fotos de acção. Capturando frames de nós em grupo ou a sós caminhando na calçada. Fizemos fotos com planos de nós a aproximar-nos ou a afastar-nos. Quando nos dirigíamos para o centro da cidade, fizemos fotos a atravessar a passadeira. Interrompemos o trânsito quando decidimos tirar fotos a atravessarmos a passadeira em ambos os sentidos.
Compramos um protector solar num vendedor ambulante e fizemos uma sessão de fotos publicitárias ao produto adquirido.
Quando descíamos uma rua estreita reparámos numa barraca que vendia chapéus e bonés. Experimentámos os bonés e chapéus de palha fazendo de imediato uma sessão de fotos. Como não ficámos agradados pousámos os artigos. Entreolhámo-nos e quase em simultâneo pegámos em chapéus de abas largas, obviamente femininos. Tiramos fotografias subindo e descendo a rua, fazendo poses extravagantes, usando as tolhas como túnicas e saias. Os vendedores nas barracas e os turistas que passavam soltavam alegres gargalhadas perante o insólito desfile.
No centro comercial encontrámos uma loja que fazia t-shirts e bonés personalizados. Pedimos ao comerciante que fizesse uns bonés com o nome da nossa banda: “Amigos do Rock”. O homem resmungou afirmando que eram muitas letras e que o resultado final seria fraco. Talvez tivesse razão: o nome era foleiro. Pedimos-lhe que gravasse só “Rock”. Descemos as escadas em direcção á saída. De novo fizemos uma sessão de modelos nos degraus, fazendo publicidade ao protector. Escusado será dizer que ao longo do dia esgotámos todas as possibilidades de fotográficas usando o protector solar. No pátio exterior usamos os pilares e pequenos muros para fazer fotos de poses de estátuas e outras mais extravagantes.
Ficámos desconcertados quando fomos buscar os bonés vermelhos. Acima da pala tinham gravado: “SÓ ROCK!”

terça-feira, 9 de setembro de 2008

A Pinadeira

Tomávamos o pequeno-almoço quando ouvimos um grito estranho grito que parecia vir do outro lado da rua. Entreolhámo-nos e prosseguimos a refeição ligeira.
- Pinadeira! – Ouvia-se – Ó pinadeira!
Preparávamo-nos para sair do apartamento quando ouvimos uma altercação no corredor de acesso aos apartamentos. Lá fora uma rapariga debatia-se com um sujeito muito irritado. Era a rapariga do apartamento do lado, havia-se alojado há poucos dias. Com um rápida intervenção separámos o sujeito e conseguimos que se fosse embora.
- É um estúpido! – Proferiu a rapariga – Pensa que vou fazer sexo com ele!
- Deve ser mesmo estúpido! – Retorquiu Américo – Porque diabo havia ele de pensar que iria pinar contigo!
- Ele sabe que eu gosto de sexo! – Respondeu já mais calma – Mas só vou com quem quero e não é por dinheiro! Não sou uma reles pinadeira!
Como tinha os artigos de praia com ela, oferecem-nos para acompanhar, não fosse o sujeito importuná-la de novo. Agradecida, fez questão em fazer companhia durante a manhã no nosso recanto afastado da praia. Contamos histórias e anedotas. Mas o ponto alto foi quando decidimos fazer jogos. “Verdade ou Consequência” o nosso jogo favorito. Com uma pequena variante: não existem verdades, apenas consequências. Durante toda a manha a rapariga foi vítima de quase todas as consequências, deixando-nos brincar com o seu corpo.
Brincámos, chapinhámos e rimo-nos na praia. Depois de alguns mergulhos sentei-me na areia de pernas flectidas, observando o horizonte. A rapariga passou à minha frente com um olhar misterioso disse:
- Não precisas exibir-te! Já disse que não fazia sexo com nenhum de vós.
Não percebi o que quereria ela dizer. Vi-a pegar nas suas coisas e afastar-se.
- Tens os tomates de fora! – Gritou ao longe.
Malditos calções! Tenho que comprar outros.

domingo, 7 de setembro de 2008

Canções da praia

A aragem do mar está fresca. A vingança é um prato que se serve frio, costuma-se dizer. Com grande aparato instalámo-nos mesmo em frente à torre do nadador-salvador. Sentados em semi-circulo, comigo ao centro com a guitarra acústica. Sem dar hipótese à emissão radiofónica lamechas do nadador começou pode dedilhar o “Always somewhere” e no final do primeiro verso já os rapazes cantavam animadamente a plenos pulmões. As raparigas ao nosso lado apoiaram-se nos cotovelos olhando-nos com alguma surpresa. Depois de outra balada passei para algumas músicas rock animadas. Para tornar o acontecimento digno de nota passei para o reportório dos “The Cure”. As raparigas alemãs sentaram-se à nossa frente cantando e batendo palmas ao som do “Boys don’t cry”. Quando o público aumentou de forma considerável e o nadador já fervia, levantámo-nos e saímos.
Á tarde resolvemos escolher um local da praia mais afastado das grandes massas de banhistas de fim-de-semana. Estendemos as todas toalhas e apreciamos a paisagem circundante. Um pouco mais afastado do local onde estávamos um jovem casal conversava semi-escondido no topo de uma duna. Momentos depois Américo gritou:
- Viram! Ele está a puxar-lhe o sutiã e a espreitar as mamas.
Eles conversavam alegremente e por vezes a mão indiscreta puxava o sutiã da rapariga. Momentos depois a ousadia foi mais longe e ele espreitava por baixo do biquíni. Américo voltou a gritar quando a situação se inverteu, agora ela espreitava os calções do rapaz e rebolava de riso. O rapaz levantou-se e caminhou na nossa direcção. Disfarçámos fingindo que estávamos ocupados com outras distracções.
- Estão a divertir-se? – Perguntou quando passou por nós sem parar – Daqui por um bocado vão ter um espectáculo melhor, quando voltar da farmácia!Estávamos estupefactos, mas ficámos realmente boquiabertos quando reparámos que o Orlando caminhava em direcção à duna. Estaria completamente louco? Subiu a duna e meteu conversa com a rapariga. Pouco depois já se tinha sentado a seu lado. Ambos riam como se fossem conhecidos de longa data. Ele tocava-lhe nos ombros e no rosto enquanto falavam. Fiquei alarmado quando Américo me fez sinal que o namorado da rapariga estava de regresso. Olhámos para a duna e Orlando havia desaparecido. Quando o namorado da rapariga chegou à duna vimos Orlando a aproximar-se pela praia junto ao mar.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Tell me the way

É bom sentir o sol na pele e inspirar a maresia.
Dirigíamo-nos à praia interpelando os transeuntes, perguntando-lhes:
- Excuse me! Can you tell me the way to the beach?
Caminhávamos mais um pouco e voltávamos a importunar os locais com a mesma pergunta.
No jardim do centro da cidade, deparei com uma rapariga sentada num banco. Fiz sinal aos rapazes e sentámo-nos no banco em frente a dizer piropos nada subtis e a enviar beijinhos. Ela, por vezes punha uma cara de zangada, ora baixava os olhos. Contudo, era-lhe difícil esconder o sorriso quando a nossa teatralidade era mais despropositada. Orlando sugeriu que simulássemos o acto de tirar uma fotografia. Dito e feito. Tirei a câmara da bolsa e apontei. Engoli em seco quando ao espreitar pela lente, vi um rapaz a beijá-la languidamente.
Apressamo-nos a entrar a atravessar o jardim e a entrar no autocarro que nos levaria até próximo da praia. Dentro do veículo o Orlando continuava a lançar beijinhos á rapariga e a dizer piropos. O namorado da rapariga barafustava, prometia-nos pancada e o Américo desafiava-o a atravessar a rua para nos confrantar.
O autocarro partiu no preciso momento em que o ofendido se aproximava de nós, louco de raiva, pronto a fazer-nos em papa.
Desfrutámos a praia. Mas, tornou-se impossível continuar a tolerar os galanteios foleiros que o nadador salvador continuava a fazer, de forma despropositada, às veraneantes ao nosso lado. Não bastasse importunar as mulheres, tinha o rádio a tocar música, horrivelmente lamechas, num volume gritante.
Abandonamos a praia frustrados, por terminar um dia que se havia iniciado de forma prometedora.