Ontem foi a noite do concerto. A aparelhagem cedida revelou-se problemática. Os poucos canais da mesa de mistura que não estavam queimados não aguentavam a impedância dos instrumentos. A audiência não se mostrou melhor. Composta por motoqueiros, punks e alguns góticos. Pensámos inicialmente que teríamos uma audiência apreciadora de rock. Estávamos enganados. Ou talvez fossem os músicos. Iniciámos o concerto que perante um público estático. Um choque verdadeiro choque frontal.
Enquanto tocava, sentia que o mundo estava parado. Podia largar os instrumentos e circular entre as pessoas, sem que estas se mexessem ou fechassem os maxilares descaídos. No final da primeira música fiz sinal aos outros para mudarmos o alinhamento. O pasmo nas se afastou dos seus rostos mas já pareciam mais receptivos e capazes de interiorizar o que estávamos a transmitir.
Ivone encontrava-se entre o público acompanhado do tal amigo, um pseudo-punk. Um betinho armado em rebelde com a sua vestimenta de marca - um punk plástico. Demos o nosso melhor. Esforçámo-nos para satisfazer o público. Muito mais do que faríamos para qualquer outra audiência. Não éramos profissionais, nem pretendíamos vier a ser, Honrámos o nosso compromisso.
Terminámos o espectáculo mais estarrecidos que no seu inicio ou mesmo na sua duração. Fomos presenteados com uma grande ovação. E toda a gente veio para nos cumprimentar e congratular. Grande surpresa. Afinal o nosso improvável público apreciava a música com a máxima atenção.
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