Saí para a rua. Desci as escadas e enfrentei a frescura da manhã de Outono com um leve arrepio. No passeio fui interpelado pela vizinha da frente.
- O seu gato não me deixa dormir! – Queixou-se – Faz barulho a noite toda!
Não respondi de imediato. Surpreso pela confrontação e pelo facto de ela se ter encostado a mim. O seu peito encostado ao meu. Podia sentir o seu bafo quente no rosto.
- Eu não tenho nenhum gato! – Balbuciei.
- E o que é aquilo na sua janela? – Ripostou apontando para o vulto na janela. – Aquelas orelhas e bigodes…
- É uma guitarra. – Afirmei.
Afastou-se rapidamente de mim e resmungou quando já estava de braço dado com o seu namorado do outro lado da rua.
- Veja se mantém o animal silencioso durante a noite!
Entraram na pastelaria. Atravessei a rua e fiz mesmo. Sentei-me numa mesa. Estranha coincidência, ela estava sentada à minha frente. O namorado dirigiu-se à vitrina para escolher os bolos. Ela olhava para mim de uma forma enigmática, com o longo cabelo louro pousado nos ombros bronzeados, emoldurando o peito que ainda há pouco se encostara ao meu, e por baixo do tampo de vidro da mesa exibia umas lindas pernas. Descruzou-as. Afastou-as lentamente e quando a saia subiu ligeiramente pude ver a verdade nua. Nada trazia por baixo.
O namorado sentou-se em frente a ela, ocultando-me a visão. Falava animadamente com ele, mas o seu olhar provocante caía sobre mim. Fui comprar algum pão ao balcão e saí intrigado.
Sem comentários:
Enviar um comentário