domingo, 7 de setembro de 2008

Canções da praia

A aragem do mar está fresca. A vingança é um prato que se serve frio, costuma-se dizer. Com grande aparato instalámo-nos mesmo em frente à torre do nadador-salvador. Sentados em semi-circulo, comigo ao centro com a guitarra acústica. Sem dar hipótese à emissão radiofónica lamechas do nadador começou pode dedilhar o “Always somewhere” e no final do primeiro verso já os rapazes cantavam animadamente a plenos pulmões. As raparigas ao nosso lado apoiaram-se nos cotovelos olhando-nos com alguma surpresa. Depois de outra balada passei para algumas músicas rock animadas. Para tornar o acontecimento digno de nota passei para o reportório dos “The Cure”. As raparigas alemãs sentaram-se à nossa frente cantando e batendo palmas ao som do “Boys don’t cry”. Quando o público aumentou de forma considerável e o nadador já fervia, levantámo-nos e saímos.
Á tarde resolvemos escolher um local da praia mais afastado das grandes massas de banhistas de fim-de-semana. Estendemos as todas toalhas e apreciamos a paisagem circundante. Um pouco mais afastado do local onde estávamos um jovem casal conversava semi-escondido no topo de uma duna. Momentos depois Américo gritou:
- Viram! Ele está a puxar-lhe o sutiã e a espreitar as mamas.
Eles conversavam alegremente e por vezes a mão indiscreta puxava o sutiã da rapariga. Momentos depois a ousadia foi mais longe e ele espreitava por baixo do biquíni. Américo voltou a gritar quando a situação se inverteu, agora ela espreitava os calções do rapaz e rebolava de riso. O rapaz levantou-se e caminhou na nossa direcção. Disfarçámos fingindo que estávamos ocupados com outras distracções.
- Estão a divertir-se? – Perguntou quando passou por nós sem parar – Daqui por um bocado vão ter um espectáculo melhor, quando voltar da farmácia!Estávamos estupefactos, mas ficámos realmente boquiabertos quando reparámos que o Orlando caminhava em direcção à duna. Estaria completamente louco? Subiu a duna e meteu conversa com a rapariga. Pouco depois já se tinha sentado a seu lado. Ambos riam como se fossem conhecidos de longa data. Ele tocava-lhe nos ombros e no rosto enquanto falavam. Fiquei alarmado quando Américo me fez sinal que o namorado da rapariga estava de regresso. Olhámos para a duna e Orlando havia desaparecido. Quando o namorado da rapariga chegou à duna vimos Orlando a aproximar-se pela praia junto ao mar.

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